sexta-feira, 31 de outubro de 2014

E, esse tal negócio de ser gente, minha senhora?

Sabe por que eu gosto de gente?

Gente tem um quê de ternura que só a gente entende. Faça dia ou faça sol, gente levanta cedo e vai rumo a vida, mesmo que sem muito jeito, mas com muito carquejo.

Eu gosto mesmo é de gente com aquele ar de eu-sou-gente, e, ponto final. Gente que não se amedronta com o banal, gente que transpõem limites intransponíveis.  Gente que ri na cara, que chora escondido, que emociona multidões mesmo quando se está sozinho.

Gente sabe pintar a aurora da vida, sabe sorrir, sabe chegar, sabe partir, sabe se fazer presente quando ausente, sabe ser cor, ser tenaz com muita ousadia.

Admiro até gente que perde a esperança, mas que termina por reencontra-la sem querer. Sabe naqueles dias de descuido, quando tudo parece perdido, e de repente, gente que nem a gente, se transforma num poço de sabedoria, com uma maestria nada rebuscada?

‘’Eita’’, que há muita magia em ser gente, meu senhor!

Gosto de gente com vocabulário simples, gente que só usando gestos, sorrisos, trejeitos, são entendidas sem muito pudor, mas com todo respeito.

Gente, aquelas das mais excêntricas, são as que me atraem, porque se atrevem a desmontar um mundo estático, e nos faz refletir como moldável são as nossas futuras realizações.

Gente é tipo um lego (lembra daquele brinquedo infantil?), a gente vai montando os pedacinhos, sem um projeto prévio, e quando percebe criou uma obra prima, altamente flexível. Gente tem peças de lembranças que se encaixam perfeitamente em peças de futuro de um modo tão inesperado, que é impossível qualquer contemporâneo explicar...

Isso sem falar no corpo da gente, uma máquina perfeita, que mescla conhecimentos da engenharia, da robótica, da filosofia, da anatomia, da fisiologia, das emoções, das condutas... Ops, Com tamanha imensidão seria mesmo uma máquina? Gente está acima de qualquer conceito... É fascinantemente fascinante!

E lá no fundo, o que eu gosto, e, gosto mesmo, é do sorriso da gente. Tem um tipo especial de gente que sorri com a alma, mesmo naqueles dias em que a carapaça parece estar triste, elas lançam sorrisos tão energético em nossa direção, que as próprias lágrimas são banhadas de ternura. É meio louco explicar essas coisas, só sendo muito gente para entender.

Ah...  Mas há também gente que optou por ser triste, e, não-sei-lá-porque tem um encanto peculiar, é como se a tristeza trouxesse alegria ou contentamento. Ser feliz por ser triste. E, olhe que não sei como, a pureza energética também continua sedutora, como se estivesse repleta de penduricalhos.

É muito difícil falar de gente, fácil mesmo é se encantar por ela, no elevador, na fila do banco, no trânsito, no ônibus, a beira mar, num dia de chuva, numa tarde de sol... É fácil ficar boquiaberta com tamanha diversidade. É divino...

Desconfio que tenha sido por isso que decidi passar o resto da vida trabalhando como consertadora de gente, não que exista um problema com gente de fato, ás vezes pequenos ajustes dão resultados fantásticos, mas, cá entre nós, no final é essa tal gente que termina por me consertar!

Ah! Como eu gosto do gosto de ser gente!

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